28 de novembro de 2010

- Buscas e finalmente...O Luto -

Após algum tempo, resolvi voltar.
É impressionante como eu sempre posto nesse blog quando algo me perturba. E nesses últimos meses, algumas coisas me perturbam, porém, faltava uma organização mental para conseguir escrever. Desde então, trabalhei muito para organizar a mente, algumas coisas aconteceram que desorganizaram tudo de novo, mas acho que agora, eu esteja arrumando as coisas de novo.
Só para variar um pouco, estou em conflito comigo mesma, com o rumo que a minha vida tomou e dessa vez, eu resolvi que faria algo para melhorar minha situação. Muitos me aconselham constantemente a voltar a fazer terapia, mas eu acho que, durante os 10 longos anos que eu fiz, eu pude aprender várias coisas à meu respeito que podem me "segurar" durante esses altos e baixos emocionais. E, ao invés de ouvir esses conselhos, eu resolvi que eu mesma preciso aprender algumas outras coisas, não à meu respeito, mas sim sobre comportamento e psicologia, primeiro para que eu consiga lidar melhor com algumas coisas e segundo, porque talvez seja uma forma de me aproximar do meu sonho. Sendo assim, resolvi pegar alguns livros da minha tia (formada em psicologia alguns anos atrás), comprei "O Mundo de Sofia" e decidi aprender, pensar, crescer.
Infelizmente, eu não tenho disciplina o suficiente para ler...e parei.
Porém, no começo do mês, um acontecimento que para muitos seria insignificante, na minha vida foi triste e abalou fortemente minha estrutura.
Desde quando eu nasci, eu tinha o habito de chupar o dedo e além disso, eu mexia no meu cabelo, fazendo nós e arrancando. Só que, isso começou a criar falhas no meu cabelo e foi quando, minha mãe comprou uma boneca, a Moranguinho...isso, quando eu era pequenininha, acho que os anos 90 ainda nem tinham começado. Com o passar do tempo, só me restou a cabeça da boneca, porque o resto, eu arranquei. Em 1996, uma moça que trabalhava na minha casa, jogou ela fora, de propósito (sim, todos que faziam parte da minha vida, sabiam da importância daquela "cabeça"). O problema foi: eu estava indo viajar para o EUA e sem a boneca, nada feito. Então, a minha mãe foi comigo na D.B.Brinquedos e comprou uma nova boneca. No caminho para o aeroporto, nos encarregamos de deixar apenas a cabeça da boneca, para que eu conseguisse me adaptar. Viajei tranqüilamente e os anos passaram, e aquela "boneca"passou a fazer parte da minha vida e da minha família. Ela, a "cabeça"era parte de mim, era um laço com a minha mãe, até porque, desde 1997, eu já não morava mais com ela.
Quando a minha mãe faleceu em 2001, a "cabeça" passou, de um modo estranho, a ser um objeto que me deixava segura. Com ela por perto, tudo estava certo, porque parecia que de alguma forma, minha mãe estava presente. E assim, minha vida após a morte da minha mãe seguiu. Eis que, no começo do mês, contratamos uma nova pessoa pra trabalhar aqui em casa e eu cometi o grande erro de não explicar para ela o que era aquela "cabeça". E sim, no primeiro dia de trabalho, ela fez o grande favor de jogá-la fora.
E com isso, meu mundo caiu.
No momento em que eu comecei a procurar desesperadamente a boneca, eu chorava, chorava e chorava. Desde então, eu choro todos os dias, não consigo dormir...estou sofrendo. Mas eu não entendia o motivo, até que eu resolvi analisar as coisas: com a perda da boneca, finalmente eu senti a perda da minha mãe.
Sim, claro que quando ela morreu eu sofri, chorei, mas não vivi o luto como eu deveria, afinal, muitas coisas aconteciam na minha vida: minha melhor amiga entrou em depressão e a mãe dela, levou ela na igreja, em uma coisa lá de descarrego e a menina ficou louca e sim, eu entrei na loucura pra ajudar ela. Aí, terminou 2001, eu mudei de escola, tinha meu ilustre pai querendo ser meu pai, minha vida estava complicada. E eu continuei a viver. Claro que tudo tem sequelas e eu não aguentei: entrei em depressão, tomei remédios fortes aos 16 anos, mas...sempre mascarando tudo. E de uma forma inexplicável, a morte da minha mãe virou segundo plano.
Hoje, com todas as reviravoltas da minha vida, eu me sinto muito culpada de não ter sofrido como deveria, acho que não foi justo comigo mesma ter passado por cima dos estágios do luto. Eu sei que a minha mãe morreu, mas eu não sinto isso. Todos os dias, sem exceção eu penso que ela ainda vai voltar ou pelo menos me ligar.
Com isso, eu decidi algumas coisas: eu vou ao cemitério visitar a minha mãe e eu espero que eu consiga acreditar que ela morreu. Também decidi que eu vou cuidar da minha vida como ela deve ser cuidada, afinal tenho 23 anos. Vou ler o livro de psicologia da minha tia.
Espero fazer com que as coisas funcionem dessa vez.
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Obrigada!